Conte-nos um pouco da história do casal.
Rafa:A Ana morava em Piracicaba e eu em São Carlos. Nós dois escalávamos no Cuscuzeiro, em Analândia, mas não escalávamos juntos. Aliás, a gente nem se conhecia. Até que surgiu um amigo em comum e começamos a escalar juntos, sempre no Cuscuzeiro.
Ana: Para mim foi amor à primeira vista! Ficamos amigos, começamos a namorar. Depois veio o casório, o Gabriel (nosso filho) e já estamos juntos há sete anos.
Como surgiu a idéia de praticar este tipo de esporte?
Ana: comecei a escalar porque alguns amigos escalavam e resolvi experimentar.
Rafa: na época eu praticava moutain bike e conheci um pessoal que escalava, depois fiz um curso e não parei mais.
O que você sente quando está escalando, a adrenalina?
Ana: Uma mistura de concentração, superação e satisfação. Concentração para fazer os movimentos certos, superação para melhorar cada vez mais e satisfação por conseguir finalizar a escalada.
Rafa: eu sinto muita coisa, é difícil explicar... é um momento que me concentro e foco só no que estou fazendo, desligo do mundo. Adrenalina... pode ser também... principalmente depois de uma queda, rsrsrs. É muito bom!!
Quais as regras de segurança durante uma escalada?
Atenção e respeito. Quando estamos escalando não podemos “dar bobeira” na segurança... dependendo do lugar não tem como errar duas vezes...
Qual o local mais bonito que já escalaram?
Ana: Serra do Cipó, Minas Gerais.
Rafa: Serra do Cipó, sem dúvida! É um Parque Nacional, lindo e com muitas opções de escalada e passeios.
Qual foi a escalada mais difícil?
Ana: Foi não, está sendo. Estou tentando “encadenar” (escalar sem cair ou pesar na corda) uma via chamada “Caixa de Pandora”, no Cuscuzeiro (Analândia, interior de SP). Essa via é linda e muito difícil está sendo um grande desafio!
Rafa: pra mim foi em Andradas, Sul de minas... uma escalada com pouco mais de 200 metros onde fomos em 3 grupos de escaladores (8 pessoas no total). No fim do dia, depois do cume, começamos descer juntos. Logo no primeiro rapel, duas cordas ficaram enroscadas. Ficamos em 8 pessoas pra descer 200 metros com uma corda de apenas 60m. Já estava tarde, nem todos tinham lanterna, estava frio com muito vento e a água tinha acabado. Foi uma descida muito tensa e demorada. No final deu tudo certo e voltamos no dia seguinte pra recuperar as cordas enroscadas.
Qual o preparo físico necessário para praticar escalada?
Depende muito do estilo de escalada. Tem lugares onde a caminhada pra chegar na rocha é muito longa (várias horas ou até dias); em outros praticamente chegamos de carro, mas a escalada é bem exigente. O importante é estar sempre treinando. Treinos aeróbicos e de força intercalados durante a semana são uma boa forma de manter o preparo. Estando em forma a chance de se lesionar é menor (nós sofremos muito com tendinites, distenções, etc) e os resultados da escalada são melhores.
É um esporte caro?
É e não é... alguns equipamentos são caros, mas duram muito tempo (alguns anos). Depois que compramos os equipamentos, o gasto maior fica para as viagens, já que temos que sair da cidade pra escalar na rocha.
Quais lugares vocês vão com mais frequência?
Cuscuzeiro (Analândia/SP), Itaqueri da Serra (próximo de São Pedro/SP) e Fazenda Invernada (São Carlos/SP).
Quais as dicas para as pessoas que querem começar no esporte? Existem diferentes formas de começar?
Escalar é muito bom, o importante é que seja feito com segurança e responsabilidade. Uma boa forma de começar é procurar um curso ou pessoas que já escalam há um tempo.
Um recado do casal:
A escalada é um esporte muito legal! É uma oportunidade de sair da rotina, conviver com a natureza e superar seus próprios limites. Vale a pena experimentar!
Ana Lígia Fujiwara é casada com montanhista Rafael Rodrigues. Eles escalam juntos, fazem parte da equipe do site www.escaladaint.hbe.com.br, que divulga a escalada no interior do Estado de São Paulo e têm o apoio da Deuter ( www.deuter.com.br ).
Para quem nunca teve a oportunidade de conhecer, é bom saber que o ambiente de convívio entre os aventureiros, veteranos ou iniciantes, é totalmente amigável e convidativo. Dificilmente você encontrará um aventureiro que não seja também um grande amante e protetor da natureza. Os guias e instrutores, além de orientar e conscientizar quanto às práticas e medidas de segurança, têm na ponta da língua todas as melhores dicas de “como” e “onde”, para fazer sua viagem acontecer e tornar-se inesquecível.
